segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Kick-Ass - Quebrando Tudo



Filme de super-herói dá muito dinheiro em Hollywood nos dias atuais. O que umas décadas atrás era sinônimo de impossibilidade, raridade ou fracasso, hoje é fórmula certa pra bilheteria boa.
Todo ano vemos mais e mais adaptações de quadrinhos, franquias e mais franquias de heróis e as pessoas nunca se cansam! São homens de capa, ricaços excêntricos ou não, moleques mordidos por aranhas radioativas, alienígenas e "deuses", todos saídos dessa rica fonte de entretenimento chamada "quadrinhos", que há muito tempo deixou de ser diversão só pra gurizada. Tem muito marmanjo aí (inclusive eu!) que compra todo mês revistinhas na banca da esquina e torce pra ver as adaptações de seus super-heróis favoritos.
Mas não é sobre a nova modinha hollywoodiana que quero falar aqui. Comecei esta crítica comentando isso, pra dizer que em meio a tantas adaptações (algumas emulando outras), surge algo original (que embora tenha sido baseado em um quadrinho), uma pérola do cinema baseado em quadrinhos e que nem foi muito divulgado ou apreciado aqui no Brasil! O nome desta pérola é: Kick-Ass.
O nome assusta? Fica tranquilo, não é um filme pros pimpolhos. Kick-Ass tem censura 18 anos e é uma das melhores adaptações de todos os tempos! É certo que não é uma das mais bem sucedidas, mas que é original, criativo, engraçado e awesome, ah, isso ele é sim!
A história acompanha o looser Dave (Aaron Johnson, na medida certa), cansado de apanhar e ser roubado, e influenciado pelos quadrinhos e filmes citados no começo deste texto, decide comprar no Ebay um macacão, criar uma roupa colorida e debochada de herói e sair pelas ruas combatendo o crime (tá, tudo bem que a primeira "missão" dele é procurar um gatinho perdido, mas...). Acontece que por ironias e armações do "destino", Kick-Ass (o alter-ego ferrado de Dave) acaba atrapalhando os negócios de um dos maiores mafiosos da cidade (Mark Strong, interpretando o que sabe: vilões que adoramos odiar) e ainda adentrando numa busca por vingança pessoal de Big Daddy (Nicolas Cage, em uma ótima atuação, depois de tantas tentativas) e Hit-Girl (Chloe Moretz, a melhor atuação do filme), dois anti-heróis justiceiros.
Pode até parecer algo meio batido, ou clichê, mas não se engane: Kick-Ass vai te surpreender!
Baseado na igualmente excelente revista em quadrinhos criada por Mark Millar e John Romita Jr. (que empresta desenhos seus para a representação dos alvos do Big Daddy), o roteiro é um primor: simples, direto, divertido.

Matthew Vaughn (produtor, diretor e roteirista do filme), aparentemente sem muita experiência no ramo (embora tenha nos entregado excelentes filmes) surpreende legal e nos entrega um filme cômico e violento na medida certa. É incrível como a história é coesa (e real!), cartunesca ao mesmo tempo, crítica e debochada, conseguindo criar um filme de comédia que parodia outras histórias de super-herói bem como um filmaço de ação, impulsionado por uma das melhores edições que eu já vi.
Fora que Kick-Ass no fundo, é uma celebração à cultura pop. As referências estão lá, a trilha sonora é suprema (tem Gnarls Barkley, Enio Morricone, Elvis Presley, Mika), os figurinos, as piadas, a nerdice infestada e todas as coisas que "não podem faltar" em filmes épicos: espada samurais, basuca e jetpacks!
As atuações são supremas. Estão todos bem, até mesmo - como já comentei - Nicolas Cage, fã confesso de quadrinhos, entrega um personagem interessante e que no fim, fica até mesmo o desejo de vê-lo mais, saber mais sobre ele. Depois de vários fracassos e escolhas lamentáveis de papel, Cage acerta em cheio.
Para não falar sobre cada uma das excelentes atuações, falemos sobre a de Moretz: a guria dá um show! Saca só: uma menina de 11 anos, que ao invés de pedir ao pai uma boneca como presente, pede um canivete! Prepare-se para ver uma criança falando palavrão, atirando em gente, fazendo uma chacina com uma espada e brigando mano a mano com adultos. Polêmica na época, e obra-prima hoje em dia, toda vez que revejo o filme me impressiono com o talento da pequena.
Outro ponto bacana é a fotografia. Em uma determinada cena, após a "tortura ao vivo", há slow motion seguido por uma paleta de cores que eu nunca tinha visto. Os closes, o acompanhamento da câmera a iluminação, figurino, tudo em Kick-Ass funciona bem, com direito a cena em "primeira pessoa", como nos jogos de tiro!
É muita diversão misturada, numa salada de frutas do jeito que a gente gosta. O engraçado, é que o personagem principal, não é tão interessante como os outros. Dave é um bundão, um cara que tá cansado de apanhar, decide virar herói, continua apanhando, quase morre e ainda ferra a vida dos outros. Muita gente acha-o desinteressante, ao contrário de Hit-Girl, por exemplo, que por sua vez, rouba a cena toda vez que aparece. Mas Dave, para mim, é o que torna o filme tão especial: ele é humano. Ele é imaturo que chega dá pena, ingênuo, um menino que decide se aventurar a fazer algo que ninguém nunca teve coragem. Sem superpoderes, sem dinheiro, sem armas mirabolantes, sem uniforme bacana. Ele é apenas um garoto.
Ninguém no filme tem poderes, e é isso que faz de Kick-Ass um superfilme.

NOTA MECÂNICA: 9,0

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