quinta-feira, 26 de abril de 2012

As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne




No cinema atual, as adaptações estão em alta. São livros, quadrinhos, games, seriados antigos, desenhos animados e até mesmo filmes que são vistos como futura fonte de dinheiro que migram (ou no caso de alguns retornam) para as telonas. Depois do sucesso temporário dos heróis gauleses Asterix e Obelix no cinema (os dois primeiros filmes são até bacanas) –, vindos dos quadrinhos franceses de René Goscinny e Albert Uderzo, nada mais que justo que outro grande sucesso francês fosse para as telonas, dessa vez criado pelo belga Hergé (Georges Remi) e que assim como os dois fortões gauleses, já passou por quadrinhos e desenho animado (muito famoso no Brasil, onde passava na Tv Cultura): Tintim.
No filme As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, Tintim (Jamie Bell) é um jovem repórter que acaba se metendo em confusão ao comprar um barco em miniatura que esconde um segredo que irá levá-lo a viajar para o outro lado do mundo, onde busca tesouros juntamente com seu cachorro Milu, o capitão Haddock (Como sempre em filmes que utilizam captura de movimento, o brilhante Andy Serkis) e ainda enfrenta o Doutor Sakharine (Daniel Craig).
O filme é feito por nomes de peso como Steven Spielberg (na direção), Peter Jackson (produção) e até Edgar Wright (que fez o roteiro com mais duas pessoas). Com alguns minutos vemos que estamos realmente em um mais um filme de Spielberg. E em um dos melhores. O diretor de Indiana Jones, E.T. e o meu amado Minority Report põe toda ação e aventura recheada de intrigas e segredos que sabe colocar em seus filmes, nos entregando um dos seus melhores filmes desde Os Caçadores da Arca Perdida. Aliás, é impossível assistir Tintim e não se lembrar do primeiro filme da série Indiana Jones, visto que há muitos elementos a serem relacionados pelo cinéfilo atento. As cenas de ação são estupendas e embora a história seja um pouco fraca (adaptando O Caranguejo das Tenazes de Ouro e O Segredo do Licorne, cria uma história de origem até convincente, mas não consegue escapar de certos clichês de filmes de aventura, faltando explicação para muitas coisas) as cenas de ação estão lá para preencher as lacunas que faltam. Outra coisa que me chamou a atenção é a falta de moralismo que me preocupada: nos quadrinhos de Hergé conhecemos um repórter que não hesita em trocar tiros com bandidos e que tem como amigo um capitão alcoólatra. Em tempos como os de hoje, um filme para crianças seria meio difícil ter tais elementos (mal exemplo para os pimpolhos) mas Spielberg põe tudo e ainda acrescenta sangue! O filme torna-se muito indicado também para adultos por conta dessas coisas e ainda por conta da história que pode parecer confusa pros pequeninos.
A trilha sonora do brilhante John Williams (compositor da trilha de Star Wars, Indiana Jones, Harry Potter e a Pedra Filosofal entre outros clássicos) é perfeita e cabe em cada momento do filme, ajudando muito nas cenas de ação. Só senti falta da trilha de abertura do desenho animado antigo do personagem, que bem que poderia ser aproveitada em um arranjo mais orquestral. A fotografia é estupenda, realmente muito boa. Há uma cena em si que me chamou a atenção, que é a cena da moto, onde passamos minutos acompanhando nossos heróis em uma perseguição digna de Indiana Jones, cheia de acrobacias e reviravoltas, tudo sem nenhum corte, super bem feita e coreografada. Chega a arrepiar!
Tirando o roteiro, pra mim o pecado do filme está na direção de personagens que os realizadores queriam. Veja bem: o filme busca um tom bastante real para as histórias. Até mesmo a customização dos personagens (o uso da captura de movimento e a textura impecável) busca algo real (tirando os rostos cartunescos demais) e ao mesmo tempo fiel às histórias em quadrinhos. Busca-se personagens reais, mas temos um Milu caricato e talvez mais inteligente que os inspetores Dupond e Dupont. Outra coisa (talvez a pior de todas) realmente decepcionante é a quantidade de situações e cenas inimagináveis e, com certeza, impossíveis. É pior que 007 e Missão: Impossível juntos a quantidade de cenas absurdas do filme que para mim, fez com que o mesmo perdesse um pouco da “realidade” que tenta passar. Pra quem não liga pra essas coisas, Tintim é um filmaço.
Merece ser assistido? Com certeza, principalmente pelos fãs. Merece continuação? Sim, por favor!  Embora tenha alguns problemas (para os mais exigentes e críticos como eu), o filme de Spielberg/Jackson é uma ótima diversão, um excelente filme de aventura, super leve, divertido e engraçado. Curti, apesar de tudo.

NOTA MECÂNICA: 7,5

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mensagem para Você


O cinema busca manter-se atual, contemporâneo e abranger assuntos que estão presentes nas mais diversas gerações que acompanha. E com a geração que não vive sem Internet não poderia ser diferente. Mensagem para você é um filme dirigido por Nora Ephron, de 1998, que embora tenha sido feito numa época não tão digital assim (Internet era uma coisa rara principalmente no Brasil), trata de algo que hoje é bastante comum e rotineiro: relacionamentos pela Internet.
A trama acompanha Kathleen (Meg Ryan, muito boa no papel), uma dona de uma livraria de livros infantis que começa uma amizade (que mais tarde viria a virar algo mais) com um cara que não conhece pessoalmente (ou acha que não), vivido por Tom Hanks. Ele, na vida real é dono de uma livraria megastore (tipo uma rede “Saraiva”), em frente à pequena livraria dela, o que indica que a levará a falência. Na vida real, eles se odeiam. Mal sabem eles que ambos estão apaixonados um pelo outro pela internet, onde tem codinomes e prometeram não revelar informações pessoais. Traduzindo: se odeiam na vida real, mas se amam pela internet e não sabem disso.
O filme é mais uma dessas comédias românticas que lançam todos os anos no verão norte-americano, porém tem em seu atrativo não só a famosa e simpática dupla de atores famosos protagonizando mas também um enredo muito interessante. Afinal, todos já tiveram relacionamentos pela Internet, nem que fossem laços de amizade!
O filme é bem escrito, os diálogos entre os protagonistas super bem escritos. Os e-mails que trocam são simplesmente sensacionais, excêntricos, cultos. O filme tem tudo para se dar bem como um bom filme do gênero. Há romance, piadas leves, lições de moral e referências culturais! Ela gosta de Orgulho e Preconceito (livro de Jane Austen que entre adaptações para o cinema e para a TV, recebeu um filme digno do livro em 2005) e ele gosta de O Poderoso Chefão (talvez a mais famosa franquia de cinema de todos os tempos, dirigida por Francis Ford Copolla). As citações de ambas as obras compõem toda a trama, uma vez que todos os conselhos dele são baseados em frases de D. Corleone (personagem principal da franquia de filmes) e a trama do filme em si segue bastante o livro de Austen: pessoas que tem tudo para se odiar mas que no fim, de tão opostas acabam se entendendo, e apaixonam-se.
Com um humor leve (e tipicamente britânico, embora o filme seja norte-americano) e atuações realmente boas, o filme consegue cumprir seu papel como comédia romântica. Os personagens são carismáticos e as situações realmente muito engraçadas. Como ressaltei, o melhor de tudo para mim, são os diálogos, afiadíssimos, mas há uma grata surpresa no final: quando achamos que a trama irá acabar e um certo segredo será revelado, há uma reviravolta simplesmente genial por parte do personagem de Hanks, dando-lhe um fim merecido.
Roteiro muito atrativo, piadas leves e não muito apelativas e personagens altamente simpáticos fazem com que Mensagem para Você seja um filme não só de comédia e romance mas sim uma preciosa crítica e observação quanto à sociedade em que vivemos, onde muitas vezes a Internet aproxima as pessoas e as afasta. Vale a pena conferir, pra você que já se apaixonou por uma guria do Acre, jogando Habbo.

NOTA MECÂNICA: 8,0

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador


Gilbert Grape (Johnny Depp) é o homem da casa e tem que cumprir seus papéis como tal, cuidando de sua mãe obesa (desde que o marido se enforcou, há quase 2 décadas atrás ela não parou de comer), sua irmã mais velha, a mais nova (uma peste no auge da adolescência) e do irmão deficiente mental. Ele vive uma vida monótona, rotineira e suja (como entregador de produtos duma mercearia, tem até caso com freguesa casada!), na cidade de Endora,  cidade pequena, tediosa e pacata. Até que tudo muda, com a chegada de Becky, uma garota que vai fazê-lo mudar de hábitos, pensamentos e acima de tudo pensar em si e ter um alvo: tornar-se uma pessoa boa.
A direção de Lasse Hallström é muito competente e embora o filme a primeiro olhar pareça mais um filme indie de baixo orçamento com atores que na época não eram nada, o poder da narrativa e como ela vai crescendo durante todo o filme é tremendo. Mérito de Hallström, claro. O roteiro de Peter Hedges é coerente, não deixa furos e sabe ser conduzido de forma tranquila.


Mas o que faz o filme ser um filmaço não é só a história de comédia dramática ou a competente direção ou personagens bem desenvolvidos. O que chama mais atenção em Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador é o elenco! Simplesmente fantástico! É ali que vemos porque Johnny Depp, Juliette Lewis (Becky) e Leonardo DiCaprio (Arnie, o irmão com problemas mentais) são o que são hoje. Ali, quando nem eram famosos é que vemos uma total entrega aos personagens como nunca vi antes. Depp está perfeito. Ele encarna o papel. Podemos sentir suas indecisões, medos e angústias. Lewis passa um contraste incrível e consegue chamar a atenção, sendo uma espécie de nêmesis do personagem de Depp, uma espécie de motivação para que tudo mude. Mas o que mais brilha (e que recebeu sua primeira indicação ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante por causa do papel) é DiCaprio. Ali está toda a entrega que um ator pode dar. Mesmo sendo tão jovem (impossível não se assustar com a aparência tão jovial que tinha, diferente do homem que vemos hoje) Leonardo entrega uma atuação perfeita, impecável! Ele consegue parecer um garoto altista perfeitamente! Reza a lenda que durante as gravações de uma cena em que Gilbert acaba descontrolando-se e batendo em seu irmão (uma das cenas mais dramáticas e comoventes do filme inclusive), Depp ficou com a consciência pesada por ter que ‘bater’ em Dicaprio, ficando constantemente pedindo desculpas até o fim das filmagens! A entrega do ator (que na época tinha apenas 19 anos mas aparência até de menos) é total!
Todos em cena estão bem, e dão profundidade imensa aos personagens, cada um com seu caráter, jeito e conflitos, todos muito bem resolvidos! E assim Gilbert Grape torna-se um filme recomendadíssimo, desses pra quem gosta de filmes família (ou melhor: filmes que contam a história de uma família, pois tem uma temática adulta meio imprópria para os pimpolhos), filme em que terá momentos para rir, chorar e refletir sobre como estamos vivendo nossas vidas, sobre como aproveitamos nossos momentos, sobre como anda nossa rotina e que, acima de tudo, há sempre uma chance de mudar. E chances, devem ser agarradas.

NOTA MECÂNICA: 9;0

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Homem Que Mudou o Jogo





O Homem que mudou o jogo (Moneyball) de Bennett Miller e estrelado por Brad Pitt e Jonah Hill, concorreu a quatro indicações no Globo de Ouro e seis no Oscar, inclusive Melhor Roteiro. O filme é baseado em fatos reais e conta a historia de um dirigente de um time de baseball pequeno, que perde seus destaques e tem que se recuperar com um fundo monetário mínimo.

O personagem principal vivido por Brad Pitt tem tudo pra ser cativante: um cara esperto, inteligente, uma atuação legal, um rosto conhecido, mas tem algo nesse roteiro que não me convence, e eu tentarei explicar a razão disso. O filme chega a ser interessante, porque não glorifica todo aquele universo esportivo e tal, mostra a superação e as dificuldades passadas por alguém que quer fazer alguma diferença em um sistema consolidado, mas porém, chega um determinado momento que tudo isso fica maçante. Teoricamente o filme teria tudo para ser algo que realmente escapa-se da realidade "leite-com-pera" exibida pela grande (leia-se gigantesca) maioria dos filmes esportivos, com todos aqueles bordões e éticas discutíveis. Para falar a verdade, o que acontece em Moneyball é que existem boas interpretações, e pouco “gancho”, nada que te deixe fascinado, diria eu assim , um Filme Mediano.

Indo para o lado individual, as conversas, diálogos e debates dão um toque especial ao filme. Por quê? Quem se acostuma a ver Brad Pitt em filmes com momentos de sacadas inteligentes e ironia (como Clube da Luta) acha no mínimo bastante interessante, o mesmo indo para um lado mais elaborado, sem flertes fatais ou verdades avassaladoras.



Ainda tem o Jonah Hill, fazendo o “Gordinho Nerd”, que teoricamente é o cara que não sabe jogar e se especializa em questões extracampo como estatisticas e probabilidades. Dá um ar um tanto quanto engraçado ao filme e o toque engraçado nunca deixa de ser válido. Parabéns aos roteiristas e ao Jonah!





Concluindo a experiência de se assistir este filme - que custou 45 milhões de dólares - , não é das piores, dá pra tirar uma reflexão muito interessante, mas como eu havia dito, não espere um grande mobster.

NOTA MECÂNICA: 3,5

quarta-feira, 4 de abril de 2012

As Viagens de Gulliver

Sabe quando a indústria de Hollywood dá a louca e diz “meu, vou estragar uma história, trazendo ela para os dias de hoje”, como eles estão fazendo com os “Deu a Louca na ...” ou esses filmes de “A Bela e a Fera” com Vanessa Hudgens?
“As Viagens de Gulliver” é um típico “filme atualizador” como esses citados acima e tenta trazer a história de Gulliver, escrita pelo irlandês Jonathan Swift (cujo nome nem é citado nos créditos, mostrando o quão o filme é “fiel” ao livro) para o mundo de hoje. Até aí, tudo bem, já que o “Minority Report” de Spielberg e o “Eu, Robô” de Alex Proyas são muito bons, mas este Gulliver, dirigido por Rob Letterman é um desastre.
Em primeiro lugar, o filme que não se leva a sério. Tem horas que ele apela pra um lado romântico (beeem mongó mesmo) e em outras é totalmente infantil (como aquele musical do final com o Jack Black dançando, cantando uma música que em inglês é até legal, mas que no português ficou uma das piores coisas que já ouvi em uma dublagem, e ainda por cima, com os Ompa Loompas lá) e ainda, em outras, tenta passar um misto de lição de moral e mensagem pra encorajar você – que é acima do peso, nerd e não consegue fazer ninguém se apaixonar por você – bem tosca mesmo.
Mas o pior não é nada disso. Na minha opinião, o pior mesmo é a quantidade de “inimaginável” e “irreal” colocado no filme, dignos de Tim Burton! Como é que uns seres pequeninos de Lilliput conseguem construir uma mansão (que é muito parecida com a de Tony Stark em “Homem de Ferro”) em pouco tempo? Só uma porta da casa é o Empire State pra eles! E aquele robô tosco do final? Os lilliputianos são do tamanho de um parafuso! Como eles conseguiram montar um robô daquele? Falando no robô, eu fiquei na expectativa de a qualquer momento ele gritar ‘I am Megatron’ e perguntar sobre o Cubo! Mas para que a cabeça do leitor internauta aí não fique confusa, vou explicar a sinopse:
Lemuel Gulliver (Jack Black, um tanto caricato e repetitivo, mas que consegue conduzir a película, nos trazendo piadas por causa de sua aparência física) trabalha há 10 anos como entregador de correspondência de um jornal de Nova York. Ele sonha em ser algo maior, mas não tem coragem para se arriscar junto aos editores de seu local de trabalho. O mesmo vale para Darcy Silverman (Amanda Peet quase não aparece e pra mim não fez muita diferença não), editora do jornal por quem é apaixonado há anos. Um dia, pressionado para que enfim se declare, ele se enrola e acaba recebendo uma oferta para que escreva um texto sobre suas viagens, que será analisado por Darcy. Como consequência, ela o envia para realizar uma matéria no Triângulo das Bermudas, onde ficará por três semanas. Só que, ao chegar lá, seu barco é tragado por uma forte tempestade, que o leva à cidade de Lilliput, onde as pessoas são bem pequenas. Inicialmente Gulliver é considerado uma ameaça, mas aos poucos conquista a simpatia dos moradores locais e modifica por completo sua rotina.
Bom, vou dizer mais algumas coisas. Trata-se de um filme cool, com referências nerds (desde Star Wars, a Guitar Hero, passando por Avatar, 24 horas e Kiss) e um certo humor não tão inteligente. O filme peca em muitas coisas, principalmente em sua transição de tempo, em seus efeitos especiais meio esquisitos (é difícil ver um chroma key tão mal feito) e também no fato de não ter história e seu roteiro ser totalmente remendado. Parece que o cara tá em Manhattan, outra hora ele tá no triângulo, outra em Lilliput, depois em Manhattan em um piscar de olhos!
É o tipo de filme pra você ir ver sem compromisso com seus filhos, assistindo com cabeça aberta, não se importando com as grandes falhas que o filme tem (embora seja difícil não fazê-lo). É sentar na poltrona, relaxar, rir do estômago alto de Jack Black, dos seus conselhos amorosos e de algumas situações do filme. Vá pro cinema só mesmo por ir, dar uns risos, se divertir… Nada mais. Ah, e um conselho de amigo: não assista em 3D, senão não dá certo!

NOTA MECÂNICA: 3,5

domingo, 1 de abril de 2012

John Carter: Entre Dois Mundos




John Carter é um personagem criado há aproximadamente 100 anos atrás, por Edgar Rice Burroughs, criador também do personagem Tarzan. O livro “A Princesa de Marte” é um sucesso até hoje, e serviu como base para muitas aventuras cinematográficas e literárias que vemos por aí. Este é um tópico, inclusive, que faz o filme John Carter: Entre Dois Mundos perder um pouco de força, mas nada que tire seu mérito de filmaço. A perda de força vem pelo fato de várias outras obras cinematográficas terem referências retiradas de John Carter e terem vindo primeiro, uma vez que várias vezes a história escrita por Edgar Rice foi planejada para as telonas (a primeira delas em 1931. Teria sido o primeiro desenho animado da história), e nunca saiu, dando lugar a filmes como Star Wars e Avatar, para pegar coisas importantes de sua essência e já usar, fazendo com que o filme pareça um pequeno amotoado de clichês, sendo que ele é “o” original. Como eu disse, nada que atrapalhe o espetáculo visto nas telas. John Carter não é mais um pipocão cheio de ação feito para agradar multidões. John Carter é épico!
A história narra a saga de John Carter(Taylor Kitsch, muito bom mesmo. Perfeito para o papel e uma promessa para a nova geração), capitão da Guerra da Secessão americana que aparentemente ”morre” na Terra e “ressuscita” em Marte, onde há vida e precisa salvar uma princesa (Lynn Collins, consegue convencer, embora ainda falte algo para ser reconhecida por sua atuação e não só pela beleza ou pelos belos olhos) – por quem se apaixona – de um casamento arranjado que pode definir o futuro do planeta vermelho.
A história pode realmente parecer clichê, uma vez que temos várias referências vistas em outras películas (“Dança com Lobos”, “Pocahontas”, “O Último Samural”, “Star Wars”, e “Avatar”, entre outros), mas o filme consegue se sobressair, sendo, na minha opinião, melhor até mesmo que Avatar.
A direção de Andrew Stanton (novato em filmes live-action e mestre de obras-primas da Pixar) é super competente. Ele sabe criar clímax, dirigir cenas de ação como ninguém, encaixar cenas bem-humoradas nas horas certas e principalmente passar o drama vivido pelos personagens (em especial o de Carter e seu passado). As atuações estão muito boas. Dominic West deixa um pouco a desejar, fazendo o mesmo tipo canalha que vimos em 300. Quem brilha mesmo, novamente é Mark Strong, fazendo um papel interessante como vilão.
A história é muito bem narrada, e só cresce com o decorrer do filme, te empolgando e envolvendo de segundo a segundo. O roteiro é bem amarrado, e tem uma “reviravolta” interessantíssima no final, que curti muito. Os pequenos podem ficar meio perdidos quanto à mitologia, mas as cenas de aventura que mostram Carter guerreando ou saltando feito um Hulk, devem encher seus olhos. A violência é bem utilizada, moderada e não chega a chocar, mas vem em momentos oportunos. Os efeitos especiais são um show à parte. Idealizados pela Legacy Effects (Avatar, Homem de Ferro – armadura e Cowboys e Aliens – alienígenas), são muito bem executados e ganham profundidade em 3D.
A fotografia é muito boa, muito bem representada tanto nas cenas que se passam nos EUA como em Marte, tudo muito bem feito. A trilha sonora de Michael Giacchino é marcante e pode ser comparada às grandes trilhas do cinema, entrando perfeitamente nas cenas românticas, dramáticas e principalmente nas épicas, afinal o que seriam os filmes épicos sem a trilha sonora empolgante nas cenas de guerra? E John Carter, meus amigos, é um baita épico! Tem guerra, frases de efeito, conspirações e a ilustre presença do próprio Edgar Rice (vivido por Daryl Sabara, o Juni Cortez de Pequenos Espiões) como o sobrinho de John Carter, numa metalinguagem muito interessante! Pode ter algumas explicações faltando ou coisas que poderiam ser melhor exploradas, mas nada que afete. Continua sendo um baita filme!
Há algo preocupante, porém na bilheteria do filme: a Disney investiu pesado para criar o rico e vasto mundo que vemos na tela: foram 250 milhões de dólares! Para o filme lucrar mesmo, a bilheteria em todo o mundo teria de render aproximadamente 700 milhões de dólares, e o preocupante é que em sua semana de estréia o filme só ganhou 30 milhões (talvez alguma falha em marketing e propaganda, não sei). Isso mostra que talvez não vejamos mais continuações por parte da Disney (que caiu fora da franquia “Nárnia” pelo mesmo motivo). Torçamos, pois chegou até nós uma franquia que merece crescer cada vez mais e se possível ganhar filmes correspondentes aos 11 livros sobre Carter!
Tá em casa procurando um filme para assistir sozinho ou com a família? Está aqui um épico de ficção-científica e fantasia indispensável: John Carter: Entre Dois Mundos. Diversão muito garantida!

NOTA MECÂNICA: 8,5