sábado, 27 de outubro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha


A ideia de ter um reboot (ou reinício) da franquia do Homem-Aranha nos cinemas apenas 5 anos após o último filme (da trilogia dirigida por Sam Raimi) assustava qualquer cinéfilo, nerd, fã de quadrinhos ou expectador em geral. Afinal, embora não fosse tão fiel aos quadrinhos, a franquia iniciada em 2002 cumpria muito bem o seu papel perante o público,  agradando a todos.
Quando foi anunciado o recomeço da franquia, desta vez dirigido por Marc Webb (que dirigia clipes do My Chemical Romance e Green Day e que em 2009 nos entregou o excelente (500) Dias com Ela), estrelado por Andrew Garfield (que por enquanto é conhecido apenas como "o brasileiro de A Rede Social") e Emma Stone (atriz conhecida e bem talentosa) era óbvio que todo mundo esperasse uma bomba, um filme fraquíssimo que nunca superaria a franquia Raimi (refiro-me aos dois primeiros, porque o último foi uma simples porcaria). E cá pra nós, na minha humilde opinião: o resultado foi excelente e o filme é sim melhor que os anteriores. Adiante explicarei porque, mas agora, uma dica pra você que ainda não assistiu: esqueça os filmes passados, esqueça totalmente, tenha você gostado deles ou não. O Aranha de Webb é diferente, não é um remake, é simplesmente uma nova visão do herói (assim como acontece direto nos quadrinhos)!
Assim, deixemos de lado a ideia de comparar ambas as franquias (embora algumas comparações sejam inevitáveis) e assistamos O Espetacular Homem-Aranha com a mente aberta!
A nova história mostra uma versão totalmente inspirada no Universo Ultimate dos quadrinhos (que é aquele em que Peter Parker é adolescente e namora Gwen Stacy) e focada não no Cabeça de Teia e sim em Peter Parker. Para isso, Webb usa de uma abordagem que não funcionou muito nos anos 90 mas que é a base para a já citada linha Ultimate: quem eram os pais de Peter? Qual a verdade sobre a história deles?
O Peter de Garfield é diferente do de Maguire. Aqui, ele é um garoto nerd (mas nerd mesmo, não looser, como o antecessor) que vive atormentado pela dúvida de quem eram os pais. Alguém que desde antes de ser picado por uma aranha geneticamente modificada já demonstrava dotes super-heróicos comuns, como sede de justiça. Sinceramente adorei ver isso neste Peter, a vontade de desafiar os valentões do colégio mesmo sabendo que está em desvantagem. Outra coisa que criticaram mas que curti: o fato de Peter ser um skatista. O fato do cara andar de skate não o torna menos nerd, ou menos lerdo, simplesmente o atualiza pro mundo de hoje, demonstra que ele já não era nenhum sedentário e que ele estava acostumado à adrenalina. O Peter do novo filme é totalmente cool! Aliás, o filme o torna-se pop por causa dele, carregado de referências, desde o velho pôster de Eistein no quarto (presente nos quadrinhos), até trilha sonora com Coldplay enquanto anda de skate além de ter um pôster de Janela Indiscreta no quarto, clássico de Hitchcock. O novo Peter é muito legal!
A Emma tá perfeita como Gwen. Parece que saiu dos quadrinhos, jeito, figurino, tudo! As cenas dos dois juntos, os diálogos super meigos (do jeito que só Webb sabe fazer, vide "(500) Dias..."), tudo muito parecido com os quadrinhos Ultimate.
Tio Ben e Tia May (Martin Sheen e Sally Field respectivamente) não têm tanta presença como na trilogia antiga, mas seus atores os incorporam de tal forma que assumem não só a figura de tio mas também a imagem de pais para Peter (no antigo, estavam mais para avô e avó). Todos os momentos de Peter com Tio Ben são marcantes!
A construção dos personagens, o clima colegial, tudo muito agradável e bem feito.
A trama também está bem construída, não tem aquelas improváveis coincidências dos outros filmes, e há um clima bem mais realista (embora o vilão seja o Lagarto), sendo uma prova disso o uso dos lançadores de teias (bem mais fieis às revistas em quadrinhos e mais realistas).
O vilão também decepciona. Rhys Iffans ingresso de filmes de comédia (você acredita que ele é o inquilino que mora com o personagem principal em Um Lugar Chamado Notting Hill?) está super bem no papel e seu Lagarto (ao contrário do das HQ's) não é uma fera descontrolada e sim um lado meio Mr. Jekyll do personagem, obcecado pela perfeição da raça humana.
Agora falando do herói que dá nome ao filme: este é o Homem-Aranha que eu queria ver! É incrível, a estrutura física, o uniforme feito por Parker e principalmente as piadas. As cenas dele vestido e lutando seja contra bandidos ou seja contra o Lagarto e fazendo piadinhas são muito iguais aos quadrinhos! As poses que ele faz no ar, os movimentos são McFarlane puro!
No fim, O Espetacular Homem-Aranha não é tão grandioso quanto os filmes da trilogia antiga, mas consegue superar-se, por mostrar um lado humano, real que nenhum dos outros filmes mostrou. Tem capacidade aí pra seguir com mais excelentes tramas e com certeza eu assistirei. Talvez decepcione aos nerds das décadas de 70, 80 e 90, mas a geração que cresceu com os quadrinhos do universo Ultimate e com os desenhos da TV... Nossa, o filme é Espetacular!

NOTA MECÂNICA: 8,5