sábado, 30 de junho de 2012

Disque M para Matar



Filmes com crimes "perfeitos" são costume de Hollywood há muito tempo. Mas será que existe mesmo um plano perfeito?
Para Tony Wendice (Ray Milland), sim. E ele passou muito tempo planejando seu crime perfeito.
Sua esposa Margot (Grace Kelly, no primeiro trabalho em parceria com Hitchcock) o está traindo há muito tempo com o famoso escritor de romances policiais Mark (Robert Cummings), e com muito planejamento elabora o "plano perfeito" para matá-la.
Para isso, ele irá contar com um antigo colega de faculdade recém-saído da cadeia, pronto para matar sua esposa em troca de dinheiro. O plano está pronto. É ensaiado meticulosamente. Mas... e quando o assassino é morto pela vítima? Bom... Quando o suposto plano perfeito dá errado, é hora de Wendice usar toda sua inteligência e tentar uma última cartada, num plano B desesperado e ousado.
Aqui, Hitchcock realiza um dos filmes mais simples de sua carreira e um dos melhores, certamente. O próprio diretor na época disse que era só mais um filme rotineiro, nada grandioso. Com certeza deve ter se surpreendido, pois "Disque M para Matar" tornou-se uma de suas obras mais cultuadas.
Realmente, o filme é simples. 90% dele se passa no mesmo cenário, o círculo de personagens se fecha em 4 durante todo o filme, e a trama não é tão complexa. Mas é muito, muito inteligente.
A forma como é narrada, por exemplo, é incomum: o personagem principal é na verdade o "vilão" da história, que de início já conta todo o seu plano de assassinar a esposa ao cúmplice e juntos ensaiam, ensaiam, planejam toda a ação, numa espécie de exibição, de apreciação intelectual, o que nos leva por um momento não só a apreciar o plano de Wendice como também torcer pelo assassino!
Mas e quando o plano dá errado e um detetive entra na história para apurar tudo de perto e começam as desconfianças? Hora de Wendice por sua cabeça para funcionar como que improvisadamente, numa interpretação maquiavélica, fria e cínica de Milland.
E assim o roteiro genial do filme só ganha força e a partir da simplicidade citada antes, só ganha força e mais força, te prendendo cada vez mais, sem saber o que acontecerá aos personagens.
E assim Hitch põe em prática todas as características que o consagraram como o "Mestre do Suspense" nos brindando com uma tensão que só aumenta e que não sabemos como irá acabar. Totalmente imprevisível.
É possível existir um crime perfeito? Em certo momento, o escritor de romances policiais vivido por Cummings põe isso em debate e a conclusão pode ser apreciada na própria trama.

NOTA MECÂNICA: 8,5

A Paixão de Cristo



"Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados".
Esse trecho do capítulo 53 do livro do profeta Isaías abre o que talvez seja um dos filmes mais polêmicos dos últimos tempos, idealizado, dirigido, escrito e bancado (sim, saiu do bolso dele a maior parte do dinheiro) por ninguém menos que Mel Gibson.
O filme polemizou, foi acusado de anti-semita, violento desnecessariamente, manipulador.
De fato, a realidade de Cristo mostrada por Gibson na tela é totalmente diferente do Jesus que vemos na semana santa nos filmes da televisão aberta.
Aqui, o negócio é violento, sanguinário, cru. Mas não creio que seja violência gratuita. Creio que seja o esforço máximo para representar o texto que abre o filme. Vamos, releia de novo o versículo 5 de Isaías 53 que citei acima. "Ferido", "moído", "castigo", "pisaduras". Pelos adjetivos usados no texto milenar, podemos concluir que o sacrifício não foram aquelas chicotadelas que vemos nos filmes antigos, que a cada vez que o chicote pega nas costas do Cristo, suja-o um pouquinho de tinta vermelha. O texto usa o termo "moído". O que é  moer? Certamente, Gibson tenta reproduzir isso na tela. E o impacto físico-emocional é grande.
Mas não é só de "moídas" que sustenta-se o filme do diretor de Coração Valente. Com o objetivo de narrar as últimas 12 horas de vida de Jesus de Nazaré, Gibson inicia o filme com um Jesus (Jim Caviezel, milagrosamente perfeito) agonizante, clamando sozinho no Monte das Oliveiras, quase que suando sangue. A fotografia suja, cheia de neblinas, ajuda a mergulhar o telespectador no universo que nos é tão comum mas que é revisitado e recriado de maneira única por Mel. Não é possível que o mais ateu dos homens não sofra em parte com a agonia do protagonista.
Somos apresentados então aos coadjuvantes, todos falando aramaico (quando se trata dos personagens judeus) e latim (quando se trata dos personagens romanos), dando uma realidade absurda ao filme, por mais que debata-se sobre a veracidade dos fatos narrados ali.
Jim está perfeito no papel de Cristo. Interessante como um homem interpretando ninguém menos que o filho de Deus e ainda por cima numa língua morta consegue sair-se tão bem. As falas dos personagens (em sua maioria retiradas da própria Bíblia, fielmente aos Evangelhos) são bem interpretadas, com todo o peso que deveriam ter. O filme em si segue muito as Escrituras, e por mais que você ache que existem personagens ali sem a "profundeza" adequada, acredite, eles não estão ali sem motivo: eles também estão na "fonte".
Um personagem que gostei bastante foi o Judas de Luca Lionello. Ele é exatamente como eu sempre imaginei que Judas seria (ou melhor, estaria naquele momento): um homem pertubado, indeciso, nervoso. Como um homem impulsionado a cometer a maior das traições, mas ainda assim indeciso. A indecisão é tamanha que logo após ver o que fez, suicida-se. Lionello cria um Judas assim. É interessante ver como é a construção do personagem, a jornada dele desde a traição ao suicídio. Outro personagem interessante  - no sentido cinematográfico - é Satanás, interpretado pela atriz e modelo italiana Rosalinda Celentano, de forma assustadoramente forte, peçonhenta, perspicaz. O modo como o personagem tenta a Cristo no Monte das Oliveiras, o modo como tenta mostrar a Jesus que a humanidade não merece tamanha "paixão" é muito bem trabalhado.
Ainda há Maria – mãe de Jesus (Maia Mogenstern) e Madalena (Monica Bellucci), duas personagens interessantes (embora muita gente ache que estavam ali sem propósito) que demonstram de certa forma o sofrimento dos que andavam com ele. Maria era a mãe do condenado (a intimidade dos dois é mostrada em um flashback simpático e bonito, talvez a única cena que nos faça esboçar um sorriso no rosto) e Madalena foi salva por ele (como é mostrado em outro flashback), mostrando que ambas não estão tão sem objetivo na história cinematograficamente falando, já que na Bíblia elas também estão presentes.
Aliás, os flashbacks são pontos bastante interessantes do filme. Eles mostram um paralelo entre o Jesus ali desfigurado e outro Jesus, o mestre, o filho, o milagroso. É interessante ver as comparações e diferenças na fotografia que realçam os diversos momentos na vida do Cristo.
E entre flashbacks, slow motions e música super bem composta (arrebatadora!), Gibson consegue emocionar. Arrancar lágrimas. Matar, como aconteceram casos na época em que o filme estava em cartaz. Enfartos causados por emoções prolongadas. O filme é assim.
Entre fatos históricos, fatos bíblicos, cenas cruas e representativas (como a serpente sendo esmagada por Jesus), Gibson cumpre seu objetivo muito bem, realizando pra mim o melhor filme sobre Cristo feito até os dias de hoje.
Não creio que ele seja anti-semita, violento por natureza (nada comparado a Tarantino, por exemplo) ou manipulador (na tentativa de comover as pessoas). Creio que ele seja a mais bela tentativa de retratar o mais belo dos sacrifícios feito pelo mais belo e importante ser que já existiu.
A Paixão de Cristo é um filme arrebatador. Gibson nos pega pelo braço e nos larga em Jerusalém, com o coração batendo forte, sofrendo a cada chicotada, fechando os olhos pra não ver o sofrimento. E o mais interessante de tudo, é que no fim, terminamos sem conhecer a tal 'Paixão' do título. Ela é inexplicável...


NOTA MECÂNICA: 10.0



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Janela Indiscreta



Um fotógrafo (James Stewart) quebra a perna durante o serviço. É então fadado a ficar em casa de licença, sem fazer absolutamente nada, recebendo as visitas de uma enfermeira diariamente e sem contatos com o mundo exterior, sem ao menos poder sair à rua. Então começa a ter o estranho costume de passar suas horas (ou melhor, seus dias) observando a vida dos vizinhos, pela janela com um binóculo.
A história é simples, não é mesmo? Hitchcock consegue transforma-la em algo grandioso. Ao primeiro olhar, temos um filme onde 90% dele se passa no mesmo cenário: a sala de estar do personagem principal. Mas, para demonstrar um pouco da genialidade de Hitch, e se eu disser que o fotógrafo começa a notar algo de estranho no comportamento de seus vizinhos? E se o vizinho dele for um assassino que matou friamente a esposa, esquartejou seu corpo e deu sumiço total?
Hitch nos lança numa atmofesra de completo suspenso a partir de uma premissa simples, onde o fotógrafo numa espécie de fetish voyer vê coisas suspeitas e cria uma teoria conspiratória que pode estar 100% certa. Ou não. A questão é que somos lançados na paranóia de Jeff (Stewart), que ainda consegue incluir sua namorada Lisa (a bela Grace Kelly, em mais um papel em parceria com Hitch) e a enfermeira, colocando ambas para participar de seus delírios ou suspeitas sobre o vizinho, Lars Thorwald (Raymond Burr, presente nas horas certas).
Até que chega o amigo detetive de Jeff, Thomas J. Doyle (Wendell Corey) e prova que são coisas da cabeça de Jeff, que há explicações plausíveis para a mulher ter sumido, Lars sair com malas de madrugada, entre outras. Será que Jeff está mesmo enganado?
Com uma premissa simples e uma direção majestosa, Alfred Hitchcock te pega pelo braço e te joga no mundo fechado de Jeff, durante os 100 minutos de filme dentro daquele quarto, em clima de voyerismo e profundo suspense.
Com o tempo, o mistério aumenta até culminar no surpreendente final. Mais uma vez é Hitchcock fazendo arte. Uma coisa que amo nos flmes de Hitch mas que adoro nesse em particular: os diálogos. É delicioso ver as conversas de Jeff com a enfermeira, e interessante o modo com o personagem de Stewart gosta de Lisa, a garota rica que é apaixonada por ele, mas não tem medo de compromisso.
Trilha sonora, fotografia, roteiro, elenco e principalmente direção, tudo com a qualidade de Hitch, que mais uma vez surpreende.
É incrível como o filme começa pequeno, simples, bem-humorado, talvez monótono. Com o passar de uns 30 minutos, bang!: bem-vindo ao mundo do mestre do suspense.
Mais um filme imperdível. Recomendadíssimo!

NOTA MECÂNICA: 9,0

terça-feira, 26 de junho de 2012

Trainspotting



Trainspotting (Sem Limites) é um filme de 1996 dirigido por Danny Boyle, bastante polêmico, devido ao consumo de drogas e sua suposta apologia (bastante subjetivo). O filme foi indicado ao Oscar 1997 por melhor roteiro adaptado e ao Independent Spirit Award, por melhor filme estrangeiro entre outras premiações.
Conta a história de cinco amigos: Renton (Ewan McGregor), Spud (Ewen Bremner) , Sick-Boy (Jonny Lee Miller), Tommy (Kevin McKidd) e Begbie (Robert Carlyle), que são jovens escoceses viciados em heroína e descontentes com o modelo socioeconômico e politico da sua nação além dos moldes que eles vão de encontro.  O filme relata o que seria o dia-a-dia punk desses jovens na década de 90 com ascensão das drogas e da vida noturna conturbada com um leve toque de homossexualismo.

Os detalhes técnicos do filme são extremamente interessantes, entre eles, o estilo de filmagem e a trilha sonora são os que em minha opinião mais se destacam, por exemplo, as “viagens” de Renton, no tapete da “Madre Superiora” (Ponto de venda de droga), além de elementos que fazem referencia a outros filmes como Taxi Driver, o corredor do bar que remete a cena do Laranja Mecânica onde Alex bebe leite com sua trupe, o desespero de Renton ao colocar um supositório de heroína (todos sabemos onde) e depois defecar.
O roteiro é muito bem “amarrado”, dando clareza às motivações das ações, deixando claro o diferencial de cada personagem, pela forma de lidarem com as situações entre outros elementos e além do mais sem perder a oportunidade  de aplicar as influencias dos outros filmes principalmente para os espectadores mais ligados.
As atuações são primorosas, por exemplo, Renton (Ewan McGregor) não é um drogado estilo “malhação”, dá pra ver que houve um comprometimento um carinho a mais na atuação, fora o sotaque escocês que cai perfeitamente. Mas o personagem que sem duvida me deixou mais impressionado foi o interpretado por (Jonny Lee Miller) Sick-boy (cara, todo mundo queria ter um amigo como ele!), percebe-se que a criatividade e talento não faltaram ao adaptador/diretor nem ao ator, mas isso se reflete a todos os personagens, cada um da sua maneira, seja ao “brigão” Begbie ao atleta promissor Tommy, basicamente eles  ilustram os tipos de jovens daquela época com seus diferentes pontos de vista sobre um vertente comum o uso das drogas.
Referencias que eu pude encontrar no filme: Laranja mecânica, Taxi driver, Três Homens em conflito, ou seja, filmes que eu amo de paixão.



Muito bom filme, apesar das criticas duras (das personalidades da época), eu achei primoroso.

NOTA MECÂNICA: 8.7

domingo, 3 de junho de 2012

O Anjo Exterminador



O surrealismo sempre foi uma das mais famosas formas diversificadas de se expressar artisticamente. Podemos vê-lo principalmente na pintura e na literatura. Hoje, é incomum vê-lo voluntariamente em um filme, tirando algumas exceções como Sucker Punch.
Quando pensamos em surrealismo na sétima arte, sempre vem um curioso filme em mente,  O Anjo Exterminador (1962), de Luis Buñuel. Filme mexicano clássico, é o ápice do surrealismo nas telonas, um conjunto de situações e códigos aparentemente sem sentido, mas que podem fazer algum para os mais observadores, criando algo que o próprio Zack Snyder tentou fazer com seu Sucker Punch citado acima: a possibilidade de diferentes interpretações, sem uma que seja a verdadeira.
A premissa é aparentemente simples: um grupo da burguesia aristocrata é convidado para um jantar, logo após a uma ópera. O que acontece, é que de repente, eles não conseguem mais sair da sala onde estão, simplesmente parece que não se lembram mais, ficando presos lá. Tem então o início do cair das máscaras, onde todos, confinados por semanas, começam a mostrar realmente quem são por trás de tanta etiqueta e postura, revelando seus lados mais obsuros, desejos e atitudes selvagens, carnais, secretas.
A narrativa não trata de revelar muita coisa não. As coisas simplesmente... Acontecem. Não sabemos as relações entre os 20 convidados presentes, não sabemos porque os criados foram embora, e afinal, quem é ou o que é esse tal de “anjo exterminador”? Por que os convidados ficaram presos? O surrealismo entra, a mente de Buñuel começa a funcionar, e vemos ali muito mais do que uma crítica à sociedade: vemos ali um conjunto de mensagens pinceladas como arte, ponto ápice do surrealismo cinematográfico. No entender do próprio Buñuel, em sua biografia, ele avalia que o filme é um estudo sobre a vontade: o que faz alguém caminhar para alguma direção ou mover um braço, por exemplo?
São diversas críticas à sociedade, à política e à Igreja (os cordeiros andando pela mansão, sendo devorados pelos convidados famintos, a frase “Sou ateu, graças a Deus”, entre outros exemplos), características de Buñuel, que sobre o tema, falou: "A moral burguesa é, para mim, uma imoralidade contra a qual há de se lutar; esta moral que se baseia em nossas instituições sociais mais injustas como o são a religião, a pátria, a família e a cultura, em suma, o que se denomina os pilares da sociedade”.
Durante a película, personagens morrem, brigam, amam-se, comem papel, abrem um encanamento na falta de água e aparentemente praticam canibalismo. Entre todos os acontecimentos, pedaços e mais pedaços de surrealismo jogados aqui e ali, aparentemente sem explicação. Quem aventura-se a tentar entender a mulher que possui uma pata de galinha na bolsa; a dona da casa que tem um urso de estimação; homens se comunicando por sinais secretos; a virgem jogando uma pedra na janela; etc.
O filme é composto por detalhes, que reforçam a crítica à ilusão em que a sociedade é submersa. Podemos resumir simplesmente analisando a cena final, burguesia e clero preso numa igreja, o povo apanhando da polícia por fora e o sino badalando chamando "as ovelhas de deus" para a sacristia, enquanto o comodismo que prendeu-os novamente assola e reinicia o ciclo. Verdadeiramente, um filme para poucos, pouquíssimos. Um excelente filme, nada convencional, que pode impressionar, enojar, enjoar. Uma obra surrealista crítica, disfarçada de cinema clássico.

NOTA MECÂNICA: 8,5

Bastardos Inglórios




Quentin Tarantino é um dos diretores mais controversos atualmente no mundo da sétima arte. Para alguns, é um grande diretor, promessa de muitos filmes excelentes pela frente, autor de obra-primas como "Pulp Fiction" e "Cães de Aluguel" . Para outros, é mais um exibicionista, um tarado por pés que ama pôr violência gratuita em seus filmes.

Se havia dúvida, porém da genialidade de Tarantino, creio que essa dúvida possa ser tirada em Bastardos Inglórios, filme que dirigiu em 2009 e que embora ainda divida opiniões, não pode-se negar da genialidade e do espírito pop/nerd de Quentin, que cria uma história própria com estilo próprio em plena Segunda Guerra Mundial.

 
No primeiro ano da ocupação da França pela Alemanha, Shosanna Dreyfus ( Mélanie Laurent ) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa ( ChristophWaltz, com certeza, o melhor em cena. Explêndido! ). Shosanna escapa por pouco e parte para Paris, onde assume uma identidade falsa e se torna proprietária de um cinema. Em outro lugar da Europa, o tenente Aldo Raine ( Brad Pitt, caricato, cínico e inspirado na medida certa ) organiza um grupo de soldados americanos judeus para praticarem atos violentos de vingança. Posteriormente chamados pelo inimigo de “os Bastardos”, o esquadrão de Raine se une à atriz alemã Bridget von Hammersmark ( Diane Kruger ) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. O destino conspira para que os caminhos de todos se cruzem em um cinema, onde Shosanna pretende colocar em prática seu próprio plano de vingança...
 
O filme é uma obra-prima de Tarantino, não tem como se duvidar. Foi indicato a vários prêmios (incluindo o Oscar de Melhor Filme), e muito falado em várias mídias, como uma promessa do retorno de Tarantino às telonas. O que vemos na película, é um amadurecimento de Tarantino,  se alguém achava que a violência era gratuita, aqui ela está moderada, vindo e impactando nos momentos corretos. O que vemos também em tela são mais uma vez diálogos super bem escritos, locações extraordinarias e situações memoráveis. A trilha sonora de Ennio Morricone é soberba, e muito bem encaixada. Sobre o filme, é importante ressaltar que não vemos mais um filme contando uma missão suicida pra matar o fuhrer. Não, vemos um filme da segunda guerra à la Tarantino, com comédia, referências western, nerds, música boa e personagens muito, mas muito bons!
 
Pitt dá um show. Eu que nunca fui muito fã de seu trabalho (pra mim, um canastrão a mais no mundo do cinema), aqui pude me divertir com seu personagem, que logo após o coronel Hans Landa é o meu favorito. Aliás, o Hans é vilão, mas o mais carismático do filme. É perverso, miserável, cínico, monstro. Tarantino não esconde as faces do personagem de Walts, que ganhou prêmios de Melhor Ator Coadjuvante nos principais festivais cinematográficos ( Oscar, Globo de Ouro, BAFTA, Cannes) e com certeza, é o melhor em cena, fazendo o tipo de vilão que mais gosto: aquele que é tão ruim, que acabamos gostando dele, aquele que adoramos odiar.

Outra coisa que gostei muito no filme: o suspense. Durante toda a película há um clima de suspense, de pessimismo, que nos faz passar o filme inteiro sabendo que vai acontecer alguma coisa ali, querendo saber, e sendo surpreendidos a cada instante. Desde a cena inicial, somos levados a ficar com o coração batendo acelerado, o que irá acontecer após aquele longo diálogo? Diálogos esses que permeiam o filme muito bem, sempre com uma dose de ironismo e sarcasmo que amo.
Personagens excelentes, diálogos afiados, humor na medida certa, violência precisa, clima pessimista, e nazistas sem escrúpulos fazem do filme uma obra-prima da sétima arte e também um divertíssimo filme sobre a Segunda Guerra. E nem te conto o final pra lá de inesperado e recompensador!


NOTA MECÂNICA: 9,5