quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Holy Motors



Caros leitores, estou decidido a viajar para Paris. Primeiro que lá é o lugar dos amores memoráveis (como em Casablanca, 1942), segundo que lá a partir das zero horas, rola uma viagem no tempo muito bacana (Midnight in Paris, 2010). E mais recentemente, porque descobri que lá existem limusines com vida própria, atores que vivem várias e várias vidas em um só dia, homens que matam a si mesmos e não morrem. Achou muito louco? Bom, os primeiros exemplos são justificáveis, visto que são clássicos. O terceiro exemplo, pode ter certeza, se tornará um clássico: Holy Motors é a nova sensação dos cinéfilos.
O filme que foi vaiado por uns e aplaudido por 10 minutos(!) no Festival de Cannes não é uma obra para qualquer um. E vou avisando: não é um filme para ser entendido e sim contemplado.
Holy Motors não é um filme com uma história com linearidade ou explicações. Durante os quase 120 minutos de filme, não procure entender as coisas, somente aprecia-las. Ao final da película, a tão esperada explicação do porquê de tudo aquilo estar acontecendo não vem. Por isso as vaias e exatamente por isso os aplausos.
Holy Motors surgiu para acabar com tudo o que vem sendo feito até hoje. Carregado de críticas e mais críticas, surrealismo e imaginação, o filme francês é uma afronta a tudo o que Hollywood tem feito ultimamente.
Na trama - que pode ter várias explicações ou interpretações, não interessa -, Oscar é um homem que passa seus dias dentro de uma limusine, rondando a cidade. A cada parada, ele tem uma pessoa para "interpretar", viver sua vida. O filme se resume a acompanhar um dia da vida de Oscar, cumprindo 9 "missões". Ele vira duende, mendigo, assassino, velho à beira da morte, ator de motion capture e mais. A cada parada, sai um "novo Oscar", peruca, maquiagem, roupas, tudo mudado. É incrível a mudança que o ator Denis Lavant sofre a cada "missão". E é incrível também o Oscar que ele faz. Cansado, abatido, sem rumo. Holy Motors se torna grande por causa da atuação de Denis.
Mas não é só de Lavant que é feita a obra. Todos os atores estão de parabéns, todos enigmáticos, misteriosos. O diretor Leos Carax vai te instigando a adentrar nos mistérios dessa Paris desconhecida cada vez mais, esperando uma explicação que nunca chega. Um certo jornalista comentou "[Holy Motors] é incompreensível, mas quem se importa?!" e é com esse espírito que devemos ver o filme.
Não espere uma trama elaborada, diálogos inesquecíveis, ação ou trilha sonora retumbante. Talvez o filme perca sua força perante o público por causa disso: Holy Motors não é um filme para todos. É um filme para amantes do cinema, amantes da arte. Sim, por fim, o filme é uma homenagem pra lá de original e estilizada ao cinema. Há ficção científica, assassinato, musical, erotismo artístico e mistério. Muitas vezes sem diálogos, esperando uma interpretação própria de cada espectador, como no melhor estilo do cinema surreal de Luis Buñuel com seu "Anjo Exterminador" ou de Zack Snyder, com seu mal compreendido Sucker Punch - Mundo Surreal.
É provável que você, caro leitor, não goste do filme. É provável que deteste-o e me ache um louco. Tudo bem, Holy Motors entende. Ele sabe que não é um filme comum, que é um filme para poucos. O importante aqui, é saber apreciar as cores, os enquadros, a trilha sonora, as interpretações e as críticas que Carax faz tão bem, a um cinema que nos deixa como os espectadores na sala de cinema do início do filme: adormecidos, acomodados. Holy Motors vem fazer alusões às máscaras, ao comum, à vida.

NOTA MECÂNICA: 8,5
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. Por mais que eu ache que minha inteligencia não suportará tamanha complexidade do filme, minha mente pequena ficou muito tentada a assistir e descobrir esses tantos mistérios que você conta que esse filme está trazendo. Holy Motors está na lista dos próximos filmes que eu irei assistir (:
    Aliás, ótima critica. Espero que contagie outros leitores assim como me contagiou! Beijos!

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