Alfred Hitchcock foi um dos maiores gênios do cinema. Embora
não tenha ganho nenhum Oscar em sua brilhante carreira, o diretor conseguiu
deixar sua marca e nunca decepcionou os amantes da sétima arte. Sua maior obra
(e consequentemente uma das maiores obras de todos os tempos, desde quando
existe cinema) com certeza é Psicose.
Filme polêmico, assustador e profundamente psicológico,
Psicose chega a ser soberbo, inexplicável, perfeito. O filme é uma obra de
arte. Cada ângulo, cada enquadro, cada fala, cada corte. Tudo sublime.
A trama gira em torno de Marion Crane (Janet Leigh, cujo
olhar expressivo fala por si só e atrai mais que toda sua beleza), secretária
de uma imobiliária que acaba roubando de um cliente rico 40 mil dólares e
fugindo, para recomeçar a vida com o amante. Na estrada, antes do anoitecer,
resolve parar e dormir num motel. É aí que conhece Norman Bates (Anthony
Perkins, inspiradíssimo), dono do hotel, dominado pela mãe que é inválida por problemas de
saúde. A senhora Bates é ciumenta e não deixa Norman relacionar-se com nenhuma
garota. Quando Norman vira amigo da nova hóspede, ocorre o assassinato de
Marion. Resta ao detetive Milton Arbogast (Martin Balsam), à irmã de Marion,
Lila (Vera Miles) e ao amante de Marion, Sam Loomis (John Gavin) descobrir o
que houve no quarto do motel.
O filme possui uma das cenas mais memoráveis de todas, a da
morte no chuveiro. A música de Bernard Herrmann ajuda em todo o clima psicótico
de tensão e assusta na cena citada. Aliás, tal cena é perfeita. Os cortes
usados, os closes na face de Marion morrendo, o som das facadas entrando em seu
corpo (o áudio original é de facas sendo cravadas em melões), a música
crescente, tudo muito assustador e perfeito.
O roteiro é conciso, enigmático, e foi escrito por Joseph Stefano, baseado num livro de Robert
Bloch cujos direitos autorais
Hitchcok comprou em segredo, por 9 mil dólares.
Psicose é diferente de tudo o que você já viu. E se você viu
algo parecido, o que você viu foi inspirado na obra de Hitchcock. O filme é
único! Primeiramente, ele troca de personagens principais aos 40 minutos. A
personagem da primeira metade do filme é Marion e quando ela é assassinada o
foco muda totalmente e vemos Arbogast entrar em ação. Mas quem brilha mesmo no
filme, cá pra nós, é Anthony Perkins com o seu Norman Bates, que já é um dos
personagens mais cultuados do cinema. Psicose rendeu 3 continuações e um
péssimo remake (não chamaria de remake, chamaria de cópia descarada, uma vez
que tudo é igual: falas, ângulos, caraterizações), nenhum deles dirigido pelo
mestre Hitchcock. As continuações são boas e a última é dirigida pelo próprio
Perkins.
Hitchcock dá em Psicose uma aula de como se fazer cinema não
só de suspense, mas como arte. Há detalhes tão preciosos, tão inspirados que eu
poderia ficar falando e falando aqui sem parar. É um filme pra quem gosta de
cinema. É um filme para poucos. E com certeza, um dos melhores que já vi.
NOTA MECÂNICA: 10,0
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