sábado, 26 de maio de 2012

Poder sem Limites




Poder sem Limites” (Ou Chronicle, como é o título lá nos EUA), dirigido por Josh Trank, é mais um filme do estilo “filmagem encontrada”, “câmera na mão”, “Hand movies” ou seja lá como chamem esse estilo de cinema, que apareceu no estrelato com A Bruxa de Blair e ultimamente vem aparecendo bastante,  em filmes como REC, Cloverfield – Monstro, Distrito 9 e o recente Projeto X.
Todos esses filmes tentam inovar no estilo, e o único que talvez tenha feito dar certo agora foi Distrito 9, e o razoável Cloverfield. Ou melhor, que mais deu certo até agora, porque Poder Sem Limites consegue ser o melhor filme de câmera na mão já feito.
A trama acompanha Andrew (Dane DeHann), seu primo Matt (Alex Russel) e o amigo popular Steve (Michael B. Jordan), três jovens que durante uma festa, acabam encontrando uma cratera causada por um meteorito, cujo contato concede a eles poderes telecinéticos.
A história é “filmada” por Andrew, que compra uma filmadora e quer a partir daí registrar tudo o que acontece em sua vida, desde sua mãe à beira da morte, às loucuras de seu pai bêbado.
Agora, com os poderes, os garotos tem que saber lidar com a dádiva. Ou seria maldição?
Josh Trank sabe aproveitar o melhor do gênero, e cria (a partir dos poderes dos garotos) saídas para ângulos geniais, com Andrew controlando a câmera com a força do pensamento, evitando muitas vezes aquele chacoalhar irritante do gênero.
O roteirista Max Landis nos traz uma história concisa, revelando apenas o importante para entendermos os dilemas de cada personagem, sabendo dar a profundidade emocional devida a cada um, demonstrando também onde suas ambições os levarão.
Aliás, ambição é um problema para os garotos, principalmente para o que se revela desde o início o mais poderoso: Andrew. Como diria Tio Ben, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Só conhece o valor da força, quem um dia foi fraco. Mas, com um poder sem limites (o título brasileiro é muito melhor que o original), onde irão chegar? Afinal, poder demais corrompe.
Talvez, os personagens sejam meio clichês: o nerd-virgem-tímido-traumatizado, o popular-do-colégio-candidato-à-presidencia e o mais ou menos, o popular sem esforço.
A tragetória do protagonista é bem construída pelo diretor novato Josh Trank (ele havia apenas dirigido alguns episódios para a série The Kill Point, de 2007), e o filme inteiro prende, não tendo as chamadas “cenas monótonas”, características também desse estilo de filme. Os efeitos especiais são um show, as cenas dos garotos voando são muito boas, e boas sequências saem do período em que testam seus poderes, vandalizando geral e rendendo até boas gargalhadas. O modo como Trank traz à luz os segredos dos corações dos personagens, o modo como mostra que são apenas adolescentes podendo fazer o que quiserem, é realmente inovador – embora seja clichê. Sim, é contraditório. Mas funciona.
Ao final (o clímax é com certeza, o ponto forte da película), há aquela velha chamada para uma continuação, hábito velho de Hollywood, quando vê que o negócio pode render. Detesto esse tipo de coisa, muitas vezes a continuação sai forçada e ruim, desnecessariamente feita por causa do dinheiro, mas uma coisa posso dizer: eu estarei lá, para assistir quantas continuações vierem.

NOTA MECÂNICA: 8,5

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