sábado, 17 de novembro de 2012

Tombstone




De época em época criam-se clássicos em determinados gêneros cinematográficos, meio que de supetão. Casablanca era apenas mais um filme comum e virou um clássico, Blade Runner foi super criticado e hoje é cult, Xuxa e Os Duendes... Não, esse último é ruim mesmo.
O faroeste (ou western, como nós, cinéfilos, chamamos) tem uma longa jornada nas telonas (uma vez que está no cinema desde seu início), e embora sempre fora um estilo notadamente norte-americano, se popularizou com os spaguetti que Leoni dirigia, lá na Itália. No fim das contas, existe faroeste em tudo quanto é canto (inclusive no Brasil), em todas as épocas e de todas as formas. Mas como se criar uma obra-prima de um gênero tão usado, tão batido e por ora tão... clichê?
Bom, George P. Cosmatos conseguiu criar uma, no comecinho da década de 1990. O curioso de toda obra-prima, é que ela não nasce sendo uma obra-prima (como James Cameron tentou vender seu "Avatar" e acabou quebrando a cara: hoje, ninguém mais gosta do filme). Até um filme ganhar um status de cult, travar-se-á uma longa jornada, crianças. E creio eu, que o filme em questão nesta crítica, Tombstone: A Justiça Está Chegando, ainda não virou obra-prima. Na verdade, creio que um dia será, se a cinefilia permitir.
É preciso realmente assumir que o filme tem suas falhas, principalmente no quesito "roteiro". Umas soluções forçadas aqui, uns clichês brabos acolá. Mas por favor, é preciso assumir: as qualidades superabundam neste clássico de um diretor medíocre mas que aqui consegue brilhar.
Cosmatos é um italiano que dirigiu filmes como Stallone Cobra e Rambo II, pra você ter ideia. O interessante, é que como italiano, o cara deveria ter investido mais em bang-bangs como Tombstone.
A trama, conta a os feitos do lendário Wyatt Earp (Kurt Russel), juntamente com seus irmãos (Sam Elliot e Bill Paxton) e um amigo que consagrou-se uma lenda do faroeste: Doc Hollyday (Val Kilmer).
Os irmãos Earp estão se aposentando do serviço à lei. Ambos, impulsionados por Wyatt decidem recomeçar, casar, abrir um negócio e envelhecer bem. Para isso, decidem todos ir para uma cidade tranquila e moderna, chamada Tombstone. O problema, é que lá, há uma gangue de Caubóis infringindo a lei, estando acima até mesmo do xerife e delegado da cidade. Logo logo, a sede de justiça dos agora pacíficos Earp vai leva-los a novamente agir, contando com a ajuda do pistoleiro e amigo Doc Holliday.
Os feitos de Earp e companhia foram ainda retratados em outro filme, no ano posterior, estrelado por Kevin Costner, o Silverado. Porém, no filme do italiano Cosmatos, o buraco é mais embaixo: auteram-se muitas coisas da história real, para dar um tom mais épico, mais heróico aos personagens e acrescentam-se diálogos superafiados e tiroteios cheios de tensão!
A trama é tipicamente western: os caras que chegam na cidadezinha empoeirada, sem querer nada, apenas viver. Aí são provocados e botam pra quebrar.
Em Tombstone, o buraco é mais embaixo, e ao tentar exercer a justiça os quatro pistoleiros podem pagar caro. Com sangue.
Embora eu já tenha citado o roteiro, que tem seus probleminhas, o filme é explêndido. O elenco está afinadíssimo, Russel nos entrega um Earp muito consistente, sólido, íntegro. Embora todos os atores sejam esforçados e tenham seus momentos de grandeza, quem brilha mesmo no filme é Val Kilmer. É incrível como o personagem rouba todas as cenas em que aparece e faz o mais simples diálogo parecer grandioso.
A fotografia é muito boa, figurino, cenários, tudo muito bacana, tipico de faroeste. A trilha sonora também é bem feita, embora haja a ausência da tensão de Morricone.
Acredito que Tombstone um dia torne-se um clássico justamente por causa dos diversos acertos que o filme tem. É incrível, mas está repleto de cenas memoráveis. A cena em que o personagem Johnny Ringo faz malabarismos com a pistola, tentando intimidar o alcoólatra Holliday. Depois de todo o exibicionismo, Doc simplesmente pega o copo em que estava bebendo seu whisky e faz os mesmos malabarismos que o pistoleiro, com uma cara sarcástica impagável. Os diálogos são todos afiados, irônicos, carregados de efeito.
Por fim, Tombstone é um grande faroeste, que embora ainda seja visto como um "pipocão dos anos 90", creio que será reconhecido posteriormente.


NOTA MECÂNICA: 8,5

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os Intocáveis



Existem alguns diretores que nascem para certo tipo de filme, fazendo com que seu estilo torne-se inconfundível. Veja bem: Tarantino, nasceu para filmes carregados de ironia, violência e Samuel L. Jackson. Tim Burton, para universos macabros, góticos, Johnny Depp e Helena Boham-Carter. Já Brian De Palma, é o diretor de filmes noir dos nossos tempos.
De Palma não é - convenhamos - esse diretor todo, em seu portifólio tem alguns clássicos como Missão: Impossível, Scarface, Carrie A Estranha e Dublê de Corpo. Podemos ver que são filmes bons, famosos, mas também tem muita bobagem e filme água com áçucar, como os filmes de comédia que dirigia no início de carreira e o recente (porém fraco) Dália Negra.
O filme da vez (que talvez seja o melhor da carreira do diretor) que não citei acima é Os Intocáveis, clássico neo-noir da década de 1980, com elenco carregado de estrelas. Kevin Costner, Robert De Niro, um jovem Andy Garcia e um estupendo Sean Connery.
A trama é noir ao quadrado, cheia de estilo, intriga e mistério: numa corrompida Chicago dos anos 1930,  o policial Eliot Ness (Costner) decide enfrentar e prender Al Capone, em plena Lei Seca americana. Para a quase impossível tarefa, ele recruta um time de policiais honestos e com sede de justiça, em uma missão que cada vez mais mostra-se suicida.
Como eu disse acima, o filme é um noir cheio. Figurino, cenários (a reconstrução da cidade, perfeita!), ambientação toda bem feita, realçada pela fotografia super competente.
As atuações estão ótimas. Costner, ainda no embalo de Dança com Lobos e Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões nos entrega um personagem competente, que realmente quer fazer o que é certo. É impossível não se preocupar com ele e sua família. De Niro rouba todas as cenas em que aparece, pena que não esteja tão presente em todo o filme. Garcia está tão novo e consegue transparecer tudo o que seu personagem representa: italiano americanizado, jovem, rebelde. Quem brilha mesmo, é Connery que por seu papel nesse filme recebeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
De Palma nos entrega um roteiro épico, transbordante de suspense. Lembro que comentei com um amigo que não sentia o coração tão acelerado desde os diálogos de Bastardos Inglórios.
E Os Intocáveis é assim, ficamos com o coração na mão, batendo bem forte, sabendo que a qualquer hora um deles pode morrer. Que a missão pode fracassar, que Capone pode sair ileso.
O momento que mais me fez pipocar no filme, foi a cena da escadaria da estação de trem. Ali está o trunfo de De Palma, a cena que paga todo o filme, a cena mais memorável.
Resumindo tudo acima: se você gosta de bons filmes policiais, com ação, suspense, excelentes atuações, roteiro amarrado e um clima noir irresistível, precisa ver Os Intocáveis!

NOTA MECÂNICA: 8,5

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Millenium - Os Homens que não Amavam as Mulheres



A trilogia Millenium ganha uma versão ocidental de um best-seller, que teve uma versão sueca estrelada por Noomi Rapace (Sherlock Homes: O Jogo das Sombras).  A trilogia consiste nos filmes Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar. O primeiro filme, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres conta com Daniel Craig e Rooney Mara no elenco e direção de David Fincher.
Mikael Blomkvist (Daniel Craig) é um jornalista que passa por um desiquilíbrio financeiro, e é contratado como detetive para investigar um caso de 40 anos: O assassinato de Harriet Vanger. A trama tem seus “pistolões”, mas garante o envolvimento e diversão no filme, os fãs dos livros e da versão sueca podem achar falta de desenvolvimento na trama, porém para uma versão hollywoodiana, já era de se esperar que os detalhes ficassem em segundo plano. Mas o que realmente acontece é que a estrutura de romance policial é substituída por algo mais imediato e com ênfase as cenas de Rooney.

A trilha sonora do filme é animadora, não no âmbito de levantar as cenas, mas tem algo de diferente que chama a atenção, é muito bem empregada, ímpar. A ambientação é muito boa e os personagens são da sua maneira carismáticos à medida que demostram suas particularidades.

A versão americana, em parte, não foge a regra dos remakes, adaptações para o público americano podem deixar os fãs do sucesso cult sueco desanimados, mas para quem teve  o primeiro contato com a trama a situação muda.


Olhando pelo lado positivo, o filme teve uma ótima aceitação e se espera que as sequencias se desenrole buscando atender (assim espero), os dois tipos de públicos.
Boas atuações, Boa trilha sonora e um bom backstage renderam ao filme 5 indicações ao Oscar: Melhor Atriz , Fotografia , Montagem, Edição de Som e Mixagem de Som.

Gosto da saga em si, e sou ainda mais fã do David Fincher (Clube da luta, Seven...) que despensa apresentações, aguardo os decorrentes filmes. Apesar das poucas falhas devo considerar um filme mediano, do tipo que proporciona diversão porém, não é explorado o esperado. 


NOTA  MECÂNICA: 8.0