quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Homem Dos Punhos de Ferro




Durante a vida acadêmica, nós, jovens gafanhotos, estudamos as escolas literárias que marcam o momento social de cada época. Refrescando as memórias, temos, por exemplo, o Barroco, que marca o momento histórico da contra-reforma, os neoarcadistas que buscam o equilíbrio na estética dos clássicos antigos durante um período de mudança no pensamento humano. A questão é: por que este interlocutor que vos fala teve que dar uma “aula” de português/historia no paragrafo de introdução de um critica de um filme atualíssimo?

Bem, costumo dizer que o épico Quentin Tarantino é o meu diretor/roteirista preferido e que o considero como Einstein das películas. Acontece que, Quentin apresenta um estilo de filme que até então nunca havia sido explorado, que para abruptos, não passa de sangue e personagens sarcásticos (os famosos “Badass”). Sabemos que , não é bem por ai, e o estilo considerado “indigesto” pelos primeiros críticos mais conservadores, vem desde os anos 90 acumulando Oscar  e premiações diversas. Seguindo o ponto de vista de que tudo que é bom se torna referência, podemos aqui dizer que com o filme O Homem Dos Punhos de Ferro presenciamos uma obra da “Escola Tarantinesca”. Isso mesmo, amigo, no decorrer deste texto pretendo analisar o filme e apresentar meus argumentos de mero admirador apaixonado pela sétima arte.

O Homem dos Punhos de Ferro é um filme dirigido por RZA (estreia do rapper como diretor) e tem roteiro escrito pelo mesmo RZA e Eli Roth (ator de Bastados Inglórios e diretor de O Albergue), onde a trama se passa em uma China feudal, onde Darius Smith (RZA) é um ferreiro de passado escravista, que se torna um defensor dos camponeses. No roteiro vemos a primeira influencia tarantinesca mesmo que em proporções mínimas, três personagens, cada um com historias diferentes que se envolvem em um ponto, apesar de que, com exceção de Smith que tem sua história completamente relatada no filme, dos outros dois personagens, X-blade e Jack Knife (Russel Crowe) se têm apenas conceitos e traços de suas personalidades.

O filme segue a linha do Kung-fu que eu costumo chamar de “Sobrancelha Branca”. Muita pancadaria, história clichê, ações lineares, monges, hadouken, etc. Realmente, sobre o roteiro não há nada de brilhante, uma história modesta, porém, amigo, pra quem é fã dos clássicos tarantinescos, os elementos ainda assim são fascinantes, o uso do sangue a ponto da banalidade é um dos pontos mais incisivos que se deve ressaltar, embora os personagens não tenham sido bem construídos e isso “comba” com a pobreza da história, trazendo um filme tímido até de mais. Sobre os personagens, Jack Knife é um dos poucos que chegam a ter um pouco de carisma pelo seu sarcasmo e postura totalmente despojada, porém a linearidade da história não permite que isso se aprofunde a ponto de ser genial a nível Tarantino.


Outro ponto que evidencia a natureza hermética do filme é a própria composição dos personagens, que se assemelham exacerbadamente com os famosos de Mortal Kombat (sem comentários)! Por exemplo, Madame Blossom interpretada por Lucy Liu ( Os anos são generosos com a Pantera) e o próprio Black Smith (RZA) são os irmãos menos bizarros de Kitana e Jax respectivamente, dando um aspecto de “Crossworlds” completamente desnecessário. Trilha sonora do filme é o hip hop mixado com trilhas orientais, uma boa sacada, mas ofuscada pelos outros erros técnicos grotescos.





Pode-se considerar que a estreia de RZA na telona por trás das câmeras foi fracassada na sua essência. Ao levar o nome de Quentin Tarantino espera-se sempre algo muito bem elaborado, e não é o que encontramos na trama, aspecto diferente do seu colega de segmento Robert Rodriguez (Sin City, e saga Um Drink no Inferno, além de ser meu "primo") que tende pelas mesmas diretrizes do mestre e nos trás até agora trabalhos no mínimo feitos com certa percepção e habilidade.

No fim, O Homem Dos Punhos de Ferro é um filme tímido que pode causar descontentamento ou irrelevância para fãs de "cinema bem aplicado" e que pode muito bem ser assistido com os brothers, por puro divertimento. Vale a pena a conferida, pela ousadia de seguir uma vertente com fãs tão exigentes.

NOTA MECÂNICA: 6,0

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