sábado, 29 de dezembro de 2012

Assassinato em Gorsford Park



Um casarão. Hóspedes ricaços, esnobes e falsos. Um anfitrião odiado por todos aparece assassinado. Alguém daquela casa o envenenou e logo depois cravou uma faca em seu peito. Quem será o assassino?
Isso poderia muito bem ser a trama de um livro de Agatha Christie, não é mesmo? Em Assassinato em Gosford Park, tudo lembra os livros da escritora inglesa, menos a qualidade.
Quem leu livros como E Não Sobrou Nenhum (publicado anteriormente como "O Caso dos Dez Negrinhos"), Assassinato no Expresso do Oriente e É Fácil Matar, está acostumado com esse tipo de trama, em que várias pessoas estão confinadas em um local, ocorre um crime e uma delas foi o assassino, nos levando a acompanhar tudo, numa espécie de "BBB macabro".
O filme em questão nesta crítica, se inspira nos mais diversos livros de Christie para criar uma trama própria que por si só é fraca, incoesa e desinteressante.
O modelo em si, já muito utilizado no cinema (parece que filmes assim são lançados todo ano) não consegue ficar batido, em minha humilde opinião. Adoro filmes como O Vingador Invisível (excelente adaptação do já citado livro E Não Sobrou Nenhum) e O Anjo Exterminador, por exemplo, mas Gosford Park chega a ser decepcionante!
O filme inicialmente tem a pretensão de parecer uma novela inglesa. Durante 60 minutos vemos umas dezenas de personagens sem-graça, uns com profundidade outros não, jogados em um casarão. Fofoca vai, fofoca vem. Nada parece ter sentido, apenas que são pessoas esnobes (no caso dos ricaços) e outras conspiradoras (os criados, em sua maioria). Não consegue-se criar simpatia com nenhum dos personagens, e olha que o elenco tem umas estrelinhas com Clive Owen, Ryan PhillippeMaggie Smith, Kelly Macdonald, Michael Gambon e Hellen Mirren. Todos misteriosos, mas nada interessante. Na primeira metade do filme, há um clima de novela inglesa, e confesso que acompanhei tudo com muito desinteresse, nada me chamava a atenção. Então, lá pra metade da película, ocorre o assassinato que estraga a surpresa do filme na tradução brasileira (a versão original chama-se apenas "Gosford Park").
Você então vê-se numa obra de Christie e pensa "caramba, vou prestar atenção em todos os detalhes, porque sei que no final haverá uma revelação incrível, que me fará ficar dias pensando no filme". Balela! A pessoa que assassina o Sir William McCordle (Michael Gambon) é justamente - spoiler a frente - a última pessoa vista com ele! Simples, não?
E então entra na trama um detetive (Stephen Fry) que mais parece uma paródia de Hercule Poirot. O detetive simplesmente não consegue decifrar nada. Ele é tão inútil que despensa os criados e concentra suas investigações nos magnatas. No fim, o espectador descobre quem cometeu o assassinato (o que é óbvio) através da personagem de Kelly Macdonald. Termina-se o filme sem mistérios, sem punição para os culpados e com todos os personagens indo embora, como se nada tivesse acontecido.
É estranho como um filme tão fraco para o padrão criado fora indicado a tantos prêmios (vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original (?!), BAFTA, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Diretor para Robert Altman)!
No fim, vemos que o filme pelo menos funciona como crítica à aristrocracia e aos conflitos sociais, talvez por isso tenha recebido destaque. Há uma crítica clara e objetiva quanto às diferenças sociais, totalmente perceptível e bem debatida através dos diálogos. Mas crítica social, por si só, não sustenta filme de suspense.
Atores mal aproveitados, trama fraca, humor desnecessário e um mistério nada misterioso marcam Assassinato em Gosford Park. Quem gosta dos livros de Christie, como eu, pode até se deliciar com as comparações. Quem gosta do cinema inglês, terá um prato cheio de sotaques, cavalheirismos e situações típicas do cinema britânico. Mas se você espera um mistério intrigante, personagens interessantes ou até mesmo uma boa dose de ação e genialidade, passe longe. O filme não é ruim, isso é claro. Mas poderia ter sido bem melhor.

NOTA MECÂNICA: 6,5

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