Cinema de faroeste é uma das coisas mais típicas de Hollywood. Talvez a quantidade de filmes do gênero tenha diminuído, é verdade. Talvez também, os western mais recentes tenham perdido a qualidade dos antigos. Não me refiro só à era de Leone, Eastwood, Van Cleef ou Wayne.
Me refiro até mesmo à época em que eles eram mal feitos, mortes sem-graça, mas histórias de vingança que por mais fossem clichês, sempre enchiam os olhos. Me refiro aos antigos Django.
Eis que o maluco do Tarantino decide fazer a sua homenagem aos spaguetti do qual Django faz parte.
Mas peraí, estamos falando de Tarantino, oras! O cara que fez Pulp Fiction, Kill Bill e detonou Hitler em Bastardos Inglórios! Pronto, o convite está feito.
Django Livre não é um faroeste comum. É o jeito tarantinesco de narrar faroeste. E meus amigos, o resultado mais uma vez é explêndido.
Primeiro porque o filme é uma grande homenagem aos faroestes antigos. Os filtros que Quentin usa, para dar uma imagem mais old movie, a trilha sonora, os zooms repentinos resultantes em extreme close ups (o que já havia explorado em outros de seus filmes-homenagem), tudo remete aos filmes antigos. Sem contar, claro, do genial e cômico encontro entre Django (Jamie Foxxx me fazendo pagar a língua e mostrando que rappers sabem atuar) e Franco Nero (o Django dos filmes antigos).
Some a todas essas mais uma multidão de referências cinematográficas e pop. Sim, Tarantino mais uma vez faz um filme pop. Já viu tocar hip-hop em filme de bang-bang? É, isso é o efeito tarantinesco, caros.
O filme é tão belo, que Tarantino pega uma ideia inicialmente pobre, uma história aparentemente clichê e coloca tudo o que há de bom e do melhor de seu cinema nela, criando uma história sobre vingança (como sempre) daquelas que faz a gente vibrar quando vê o mocinho fazer justiça.
Soma-se ao concreto e hilário (sim, o filme é muito engraçado) roteiro, atuações digníssimas de premiação.
Como eu disse, Jamie Foxxx dá um show. É incrível a transição de um escravo calado para um pistoleiro vingador. Sem contar os "personagens" que ele tem de interpretar durante o filme, que só ratificam o bom trabalho do ator. Quem mais brilha aqui, certamente, é o nosso amigo Christoph Waltz, o conhecido "Hans Landa, de Bastardos Inglórios", nos entregando um personagem cínico, irônico, sarcástico e genial. Eu sempre quis ver como ele interpretaria um dos mocinhos, e o cara se supera. Por mim, a estatueta é dele.
Se Waltz brilha na maior parte do filme, só não brilha durante toda a película porque divide espaço com Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson, irreconhecíveis em seus papéis! Gente, os caras estão muito bons! Tem hora que a cada minuto que passa, um rouba a cena do outro, e ficamos maravilhados com o espetáculo visto. Espetáculo, inclusive que conta em cena com o próprio Tarantino, que faz uma participação especial explosivamente inesperada.
Muita gente por aí dizendo que o filme é fraco, que Tarantino se perde nele? Pura balela! Se esperam um roteiro genial ou uma trama que deixa a gente confuso, vão assistir Hitchcock ou Nolan. Aqui estamos falando de humor negro, sangue e cenas memoráveis. Aqui, estamos falando de Tarantino!
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