Pronto, agora sim, podemos falar sobre esta pequena obra-prima do novo cinema. A história, baseada no livro homônimo, conta a história de Hugo(Asa Butterfield), um garotinho órfão que vive dentro de um relógio em Paris. Ele é solitário e sua única companhia é a de um homem-máquina (uma espécie de Pinóquio mecânico) que seu falecido pai (Jude Law) lhe deu. Para "ligar" a máquina, Hugo precisa de uma chave que não lhe pertence. A expectativa de ligar o homem-máquina é grande, pois Hugo acredita que ele traga uma mensagem do próprio pai. Mas o que vai descobrir é algo muito maior que isso.
Scorsese, conhecido por filmes como Taxi Driver, Touro Indomável e Os Infiltrados, nos entrega um filme infantil altamente recomendado para todas as idades e amantes de cinema em geral. Aliás, ao assistir a Hugo Cabret, ficou-me a dúvida, se realmente os pimpolhos iriam se identificar ao filme. Embora misture gêneros, efeitos sonoros, cenas coloridas e um certo toque de "magia", o filme tem uma trama bem complexa para a cabeça dos guris. Mas esqueçamos faixas etárias (sei que vai agradar a todos no geral), atuações (excelentes) e fotografia (belíssima, a prova de que uma versão live-action de Tintim pode ser feita) e nos apeguemos ao que o filme tem de mais belo: o cinema. Hugo Cabret começa sendo uma dessas historinhas de órfãos com seu "brinquedo mágico" que a gente vê na Sessão da Tarde e termina sendo uma grande homenagem ao cinema. Mas homenagem mesmo, sabe? Daquelas que faz cinéfilo se arrepiar.
O motivo de tal homenagem? Simplesmente um dos personagens principais do filme (e o destaque da trama, pra ser mais específico) é George Méliès, velho e esquecido. Não posso expressar minha surpresa e emoção ao ver Viagem à Lua (1902) foi retratado. Mas eis que a surpresa só aumentaria. Toda a obra de Méliès está ali, e no fim, Hugo Cabret acaba sendo uma jornada cinematográfica, ao início do cinema. Ao início mesmo, sabe? Impressionante como um filme de aventura e fantasia torna-se documentário, depois vai para a ficção-científica e transita entre gêneros tão belamente.
Hugo Cabret é uma verdadeira mensagem de agradecimento, não só a Méliès, mas ao cinema em geral.
Uma história sensível, encantadora, cinematográfica. Uma viagem ao início do cinema está te esperando, e assim como o homem-máquina, você só precisa da chave do coração para aprecia-la.
NOTA MECÂNICA: 9,5
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