domingo, 1 de abril de 2012

John Carter: Entre Dois Mundos




John Carter é um personagem criado há aproximadamente 100 anos atrás, por Edgar Rice Burroughs, criador também do personagem Tarzan. O livro “A Princesa de Marte” é um sucesso até hoje, e serviu como base para muitas aventuras cinematográficas e literárias que vemos por aí. Este é um tópico, inclusive, que faz o filme John Carter: Entre Dois Mundos perder um pouco de força, mas nada que tire seu mérito de filmaço. A perda de força vem pelo fato de várias outras obras cinematográficas terem referências retiradas de John Carter e terem vindo primeiro, uma vez que várias vezes a história escrita por Edgar Rice foi planejada para as telonas (a primeira delas em 1931. Teria sido o primeiro desenho animado da história), e nunca saiu, dando lugar a filmes como Star Wars e Avatar, para pegar coisas importantes de sua essência e já usar, fazendo com que o filme pareça um pequeno amotoado de clichês, sendo que ele é “o” original. Como eu disse, nada que atrapalhe o espetáculo visto nas telas. John Carter não é mais um pipocão cheio de ação feito para agradar multidões. John Carter é épico!
A história narra a saga de John Carter(Taylor Kitsch, muito bom mesmo. Perfeito para o papel e uma promessa para a nova geração), capitão da Guerra da Secessão americana que aparentemente ”morre” na Terra e “ressuscita” em Marte, onde há vida e precisa salvar uma princesa (Lynn Collins, consegue convencer, embora ainda falte algo para ser reconhecida por sua atuação e não só pela beleza ou pelos belos olhos) – por quem se apaixona – de um casamento arranjado que pode definir o futuro do planeta vermelho.
A história pode realmente parecer clichê, uma vez que temos várias referências vistas em outras películas (“Dança com Lobos”, “Pocahontas”, “O Último Samural”, “Star Wars”, e “Avatar”, entre outros), mas o filme consegue se sobressair, sendo, na minha opinião, melhor até mesmo que Avatar.
A direção de Andrew Stanton (novato em filmes live-action e mestre de obras-primas da Pixar) é super competente. Ele sabe criar clímax, dirigir cenas de ação como ninguém, encaixar cenas bem-humoradas nas horas certas e principalmente passar o drama vivido pelos personagens (em especial o de Carter e seu passado). As atuações estão muito boas. Dominic West deixa um pouco a desejar, fazendo o mesmo tipo canalha que vimos em 300. Quem brilha mesmo, novamente é Mark Strong, fazendo um papel interessante como vilão.
A história é muito bem narrada, e só cresce com o decorrer do filme, te empolgando e envolvendo de segundo a segundo. O roteiro é bem amarrado, e tem uma “reviravolta” interessantíssima no final, que curti muito. Os pequenos podem ficar meio perdidos quanto à mitologia, mas as cenas de aventura que mostram Carter guerreando ou saltando feito um Hulk, devem encher seus olhos. A violência é bem utilizada, moderada e não chega a chocar, mas vem em momentos oportunos. Os efeitos especiais são um show à parte. Idealizados pela Legacy Effects (Avatar, Homem de Ferro – armadura e Cowboys e Aliens – alienígenas), são muito bem executados e ganham profundidade em 3D.
A fotografia é muito boa, muito bem representada tanto nas cenas que se passam nos EUA como em Marte, tudo muito bem feito. A trilha sonora de Michael Giacchino é marcante e pode ser comparada às grandes trilhas do cinema, entrando perfeitamente nas cenas românticas, dramáticas e principalmente nas épicas, afinal o que seriam os filmes épicos sem a trilha sonora empolgante nas cenas de guerra? E John Carter, meus amigos, é um baita épico! Tem guerra, frases de efeito, conspirações e a ilustre presença do próprio Edgar Rice (vivido por Daryl Sabara, o Juni Cortez de Pequenos Espiões) como o sobrinho de John Carter, numa metalinguagem muito interessante! Pode ter algumas explicações faltando ou coisas que poderiam ser melhor exploradas, mas nada que afete. Continua sendo um baita filme!
Há algo preocupante, porém na bilheteria do filme: a Disney investiu pesado para criar o rico e vasto mundo que vemos na tela: foram 250 milhões de dólares! Para o filme lucrar mesmo, a bilheteria em todo o mundo teria de render aproximadamente 700 milhões de dólares, e o preocupante é que em sua semana de estréia o filme só ganhou 30 milhões (talvez alguma falha em marketing e propaganda, não sei). Isso mostra que talvez não vejamos mais continuações por parte da Disney (que caiu fora da franquia “Nárnia” pelo mesmo motivo). Torçamos, pois chegou até nós uma franquia que merece crescer cada vez mais e se possível ganhar filmes correspondentes aos 11 livros sobre Carter!
Tá em casa procurando um filme para assistir sozinho ou com a família? Está aqui um épico de ficção-científica e fantasia indispensável: John Carter: Entre Dois Mundos. Diversão muito garantida!

NOTA MECÂNICA: 8,5

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