No cinema
atual, as adaptações estão em alta. São livros, quadrinhos, games, seriados
antigos, desenhos animados e até mesmo filmes que são vistos como futura fonte
de dinheiro que migram (ou no caso de alguns retornam) para as telonas. Depois
do sucesso temporário dos heróis gauleses Asterix e Obelix no cinema (os dois
primeiros filmes são até bacanas) –, vindos dos quadrinhos franceses de René
Goscinny e Albert Uderzo, nada mais que justo que outro grande sucesso francês
fosse para as telonas, dessa vez criado pelo belga Hergé (Georges Remi) e que assim como os dois fortões gauleses, já
passou por quadrinhos e desenho animado (muito famoso no Brasil, onde passava
na Tv Cultura): Tintim.
No filme As Aventuras de Tintim: O Segredo do
Licorne, Tintim (Jamie Bell) é um jovem repórter que acaba se metendo em
confusão ao comprar um barco em miniatura que esconde um segredo que irá
levá-lo a viajar para o outro lado do mundo, onde busca tesouros juntamente com
seu cachorro Milu, o capitão Haddock (Como sempre em filmes que utilizam
captura de movimento, o brilhante Andy Serkis) e ainda enfrenta o Doutor
Sakharine (Daniel Craig).
O filme é
feito por nomes de peso como Steven Spielberg (na direção), Peter Jackson
(produção) e até Edgar Wright (que fez o roteiro com mais duas pessoas). Com
alguns minutos vemos que estamos realmente em um mais um filme de Spielberg. E
em um dos melhores. O diretor de Indiana
Jones, E.T. e o meu amado Minority Report põe toda ação e
aventura recheada de intrigas e segredos que sabe colocar em seus filmes, nos
entregando um dos seus melhores filmes desde Os Caçadores da Arca Perdida.
Aliás, é impossível assistir Tintim e não se lembrar do primeiro filme da série
Indiana Jones, visto que há muitos elementos a serem relacionados pelo cinéfilo
atento. As cenas de ação são estupendas e embora a história seja um pouco fraca
(adaptando O Caranguejo das
Tenazes de Ouro e O
Segredo do Licorne, cria uma história de origem até
convincente, mas não consegue escapar de certos clichês de filmes de aventura,
faltando explicação para muitas coisas) as cenas de ação estão lá para
preencher as lacunas que faltam. Outra coisa que me chamou a atenção é a falta
de moralismo que me preocupada: nos quadrinhos de Hergé conhecemos um repórter
que não hesita em trocar tiros com bandidos e que tem como amigo um capitão
alcoólatra. Em tempos como os de hoje, um filme para crianças seria meio
difícil ter tais elementos (mal exemplo para os pimpolhos) mas Spielberg põe
tudo e ainda acrescenta sangue! O filme torna-se muito indicado também para
adultos por conta dessas coisas e ainda por conta da história que pode parecer
confusa pros pequeninos.
A trilha sonora do brilhante John
Williams (compositor da trilha de Star Wars, Indiana Jones, Harry Potter e a
Pedra Filosofal entre outros clássicos) é perfeita e cabe em cada momento do
filme, ajudando muito nas cenas de ação. Só senti falta da trilha de abertura
do desenho animado antigo do personagem, que bem que poderia ser aproveitada em
um arranjo mais orquestral. A fotografia é estupenda, realmente muito boa. Há
uma cena em si que me chamou a atenção, que é a cena da moto, onde passamos
minutos acompanhando nossos heróis em uma perseguição digna de Indiana Jones,
cheia de acrobacias e reviravoltas, tudo sem nenhum corte, super bem feita e
coreografada. Chega a arrepiar!
Tirando o roteiro, pra mim o
pecado do filme está na direção de personagens que os realizadores queriam.
Veja bem: o filme busca um tom bastante real para as histórias. Até mesmo a
customização dos personagens (o uso da captura de movimento e a textura
impecável) busca algo real (tirando os rostos cartunescos demais) e ao mesmo
tempo fiel às histórias em quadrinhos. Busca-se personagens reais, mas temos um
Milu caricato e talvez mais inteligente que os inspetores Dupond e Dupont.
Outra coisa (talvez a pior de todas) realmente decepcionante é a quantidade de
situações e cenas inimagináveis e, com certeza, impossíveis. É pior que 007 e
Missão: Impossível juntos a quantidade de cenas absurdas do filme que para mim,
fez com que o mesmo perdesse um pouco da “realidade” que tenta passar. Pra quem
não liga pra essas coisas, Tintim é um filmaço.
Merece ser assistido? Com
certeza, principalmente pelos fãs. Merece continuação? Sim, por favor! Embora tenha alguns problemas (para os mais
exigentes e críticos como eu), o filme de Spielberg/Jackson é uma ótima
diversão, um excelente filme de aventura, super leve, divertido e engraçado.
Curti, apesar de tudo.
NOTA MECÂNICA: 7,5
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