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Marvel mostrou-se uma máquina de fazer dinheiro ao transportar ela mesma seu universo dos quadrinhos para as telonas, o que começou em 2008, com o filme Homem de Ferro, produzido pela Marvel Studios.
5 anos depois, o que era novidade na época virou sinônimo de qualidade e bilheterias cheias. Já vimos homens de ferro, gigantes verdes, deuses asgardianos, supersoldados, espiões secretos e muito mais.
O ápice da produtora veio no ano de 2012, com o épico arrasa-quarteirões Os Vingadores. A principal estrela, claro, era ele, o Homem de Ferro.
Robert Downey Jr. conseguiu encarnar o gênio (bilionário, playboy e filantropo) Tony Stark da maneira certa: com humor, carisma e personalidade. Fez isso tão bem, a ponto de ele ser o ator de segundo maior cachê atualmente em Hollywood, sendo idolatrado por uma infinidade de fãs. Você deve estar se perguntando o porquê de eu falar tanta coisa que você provavelmente já sabe. Simples: temos que ter consciência do desafio que
Shane Black (o novo diretor de Iron Man) tinha em mãos, o de fazer um filme melhor que os seus antecessores. E eis que estreia no cinema o resultado de muita expectativa, muita publicidade e alvo das mais contraditórias críticas, por hora detestando-o e por hora elogiando-o: Homem de Ferro 3.
Os dois primeiros filmes do Homem de Ferro foram super bem-sucedidos não só nas bilheterias como também entre os fãs. E nesse ramo de "sagas", que tá dando muito dinheiro hoje, seria preciso um esforço tremendo da Marvel para criar um filme tão épico ou melhor do que os outros capítulos cinematográficos da produtora. Para isso, mudanças seriam necessárias. Sai da direção J
on Fraveau (que continua atuando como o amigo e alívio cômico de Tony, "Happy") e entra Shane Black, diretor de Beijos e Tiros ("
Kiss Kiss, Bang Bang") e roteirista da brilhante série Máquina Mortífera.
Black dá um novo tom à série, uma carga mais dramática, embora as piadas marquem presença (muitas vezes até excessivas e desnecessárias, inclusive). O filme é mais uma jornada de aprendizado, de descoberta para Tony Stark. O bilionário está sofrendo de crises de ansiedade, é só alguém lembrar o incidente de Nova York (que ocorreu em Os Vingadores) e pronto! Tony está "desmontado". Por falar em montar, o gênio ainda tá com mania de construir várias e várias armaduras, para proteger-se e também para a segurança de Pepper Potts (
Gwyneth Paltrow). Mas eis que surge o Mandarim, um vilão oriental com histórico de atos terroristas por todo o globo e que ataca vários pontos norte-americanos sem uma aparente bomba ou gatilho. O velho Stark resolve convocar o terrorista para um duelo, mas o que recebe em troca é muito mais intimidador. O Mandarim ataca de tal forma, que Stark agora não tem casa, segurança ou armaduras. E é aí que entram um dos maiores méritos da película: este não é um filme sobre o Homem de Ferro. É um filme sobre Tony Stark.
A ausência de outros personagens do universo (e até mesmo da S.H.I.E.L.D.) dá ao filme um tom de descompromisso com a série, um tom de "conto separado", um ar de arco de quadrinhos mesmo, uma história completinha e divertida, desses encadernados que encontramos por aí.
Shane desenvolve bem seu Tony Stark, dando-lhe momentos de genialidade, improviso e até de espião tipo James Bond, sem deixar de lado as diversas piadas do Robert, a carga dramática e até uma novidade: a violência. Por ter um ritmo frenético, acelerado e cheio de ação, Iron Man 3 inova até no emprego de sua violência, não tornando-a explicitamente sanguinária mas colocando o seu personagem principal em vários momentos assassínios.
O maior problema da película, infelizmente, é o roteiro. Repleto de falhas e furos visíveis, deixa a desejar em algumas sequências, optando pelas comuns soluções rápidas e dá a sensação, inclusive, do filme ter sido cortado, pelo tanto de situações mal resolvidas. Nada, porém, que atrapalhe a diversão.
Diversão, aliás, é o que define o terceiro filme sobre o Iron Man. Talvez os fãs detestem um pouco os caminhos que a pelí
cula toma, mas não podem discordar que Homem de Ferro 3 é o mais divertido da saga.
São efeitos especiais, frases de efeito, cenas de tirar o fôlego e muitas situações cômicas. Deleite para o grande público, com certeza!
Assim, Iron Man 3 é um grande divertimento, repleto de atuações digníssimas (
Ben Kingsley está fenomenal), reviravoltas geniais (aplausos para o marketing do filme, a todo momento nos enganando genialmente) e, principalmente, Tony Stark, o que todos têm que concordar: nunca é demais.
NOTA MECÂNICA: 8,5